COMO CRIAR UM PROGRAMA DE MONITORAMENTO DE ODORES CONFIÁVEL?

Odores são, sem dúvida nenhuma a causa do maior número de reclamações de poluição do ar de cidadãos que vivem em proximidade de processos industriais ou do agronegócio.  O motivo disso é simples:  É muito facilmente percebido, sem a necessidade do uso de nenhuma instrumentação complexa.  O olfato humano tem uma sensibilidade formidável e, associado a padrões mentais, pode gerar reações negativas, mesmo em baixas concentrações.

Essa subjetividade, exige uma forma de monitoramento diferente de qualquer outro tipo de poluente ambiental.  Medições instrumentais podem não significar muita coisa frente a percepções diferenciadas de uma população.

Apesar de existirem metodologias e sistemas bem específicos para o monitoramento contínuo de odores, alguns das quais temos experiência em utilizar, entendemos que são complementos ao monitoramento com o uso de times específicos.

O fundamental em um primeiro ponto para um plano de monitoramento robusto é construir mecanismos para receber e tratar as reclamações da comunidade.  Apesar de ser uma frente passiva, é por onde temos o principal mecanismo para entender, de modo rudimentar o que está acontecendo.

A comunidade deve acessar facilmente o gerador e, especialmente ser incentivada a relatar os eventos.  Parece algo simples, mas não é.  Reclamações não tratadas rapidamente se tornam motivos para maior rigor, fazendo com que o reclamante passe a outros níveis, buscando a solução do seu problema.

Recomenda-se a construção de procedimentos bem claros, de como receber a reclamação, disponibilizar canais para que a comunidade possa acessar facilmente (inclusive na forma anônima) e a forma de registrar os eventos.  Coletar o máximo possível de informações relevantes. Agora é a hora de perguntar muito!  Primeiro porque demonstra real interesse no problema do reclamante e segundo por ser uma forma de obter muitas informações importantes sobre o problema.  Visitar o reclamante no local do evento também é fundamental para entender melhor e coletar informações.

O segundo ponto em qualquer sistema de monitoramento é a obtenção de informações ambientais e meteorológicas.  Uma base de dados meteorológica permite confrontar as reclamações com condições específicas de tempo.  Isto é muito útil pois sabendo que existe correlação meteorológica (uma inversão térmica por exemplo) permite planejar medidas mitigatórias como por exemplo um remanejamento de linha de produção por algumas horas até a condição atmosférica melhorar.

Com estes mecanismos básicos montados, é necessário formar times de observadores para acompanhar a presença de odores, mesmo sem a existência de reclamações da comunidade.

Os observadores são indivíduos que possuem uma sensibilidade acima da média, e que são testados através de procedimentos laboratoriais e estatísticos, indicados como pessoas com uma sensibilidade elevada.  Existem procedimentos e normas internacionais para este procedimento de seleção de indivíduos. 

Com os indivíduos selecionados é necessário ter métodos objetivos de observação. 

Qual a frequência de monitoramento? 

Em quais lugares estas pessoas irão monitorar os odores? 

O monitoramento usará algum tipo de equipamento auxiliar?

 Todos os indivíduos conseguem perceber a diferença entre os odores do empreendimento e outros odores presentes no meio?

Todas estas respostas devem estar claramente respondidas em um “manual de monitoramento”.  É este manual que garante a uniformidade e representatividade dos dados coletados pelo time e a utilização efetiva dos dados coletados em campo.

Não menos importante é a forma como os dados são coletados e registrados.  Colocar um time na rua, com metodologia de percepção de odores não significa nada se os dados coletados não tiverem um nível de registro e tratamento adequado.

Com este programa funcionando, você terá um volume de informações bastante grande em pouco tempo.  O que fazer com tudo isso?

Até agora construímos apenas a obtenção de informações, que no manjado PDCA seria a “análise de fenômeno”.  Estes dados todos permitem trabalhar e começar gerar correlações, estratificações e mapas.

O uso de ferramentas estatísticas permitirá obter respostas para perguntas como: 

Existe algum dia da semana onde temos mais eventos?

Qual o motivo de que quando processo o produto “X” tenho mais reclamações no bairro “Y” e quando processo o produto “Z” não tenho reclamações?

Qual o motivo do “fulano de tal” reclamar e o nosso time nunca anotar odor durante as rotinas?

Estas respostas permitirão você conhecer o problema muito profundamente e desenvolver um plano efetivo para o controle e mitigação. Se a sua estratégia de monitoramento foi bem montada, as respostas positivas (ou negativas) aparecerão através dela.

Nossa experiência em gestão de odores envolve a utilização de ferramentas bem mais elaboradas que as apresentadas aqui.  Montando estes princípios básicos, você terá algo bem robusto, com certeza e conseguirá bons resultados, aposto nisso!  

Se você quiser fazer algo mais elaborado, com ferramentas que não acrescentem muito esforço em sua rotina, nos avise!  Temos muitas soluções interessantes, como por exemplo a coleta de dados através de app, o monitoramento passivo com sensores químicos, o forecast de eventos de odores com o uso de IA.

Precisa de ajuda para montar seu programa?  Ajudamos você, com certeza!

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